quarta-feira, 4 de abril de 2007

Coluna Vertebral

Houve a época quando os amigos sonhavam montar um jornal. A discussão sobre qual seria o nome e a ideologia que traríamos nele, a essência dos textos com os quais cada um contribuiria... Tudo isso fez parte. Eu, por meu lado, seria responsável pela Coluna Vertebral - não que fosse ela a sustentação do periódico, mas apenas pelo trocadilho e pela antropomorfia.
Houve a época quando eu escrevia compulsivamente. Contos e crônicas, literatura ou quase isso, meu limite era curto e não me permitia passar de poucas páginas. Talvez nunca conseguisse dissertar longamente sobre apenas um assunto. Na metade do primeiro já várias outras vontades me assaltavam. Era preciso terminar logo e começar as outras.
A Coluna Vertebral, como mais tarde fiquei sabendo, já existia. Se publicasse seria um plágio inconsciente. Consolei-me duma forma ou de outra. Ninguém soube ao certo como, ou talvez não tenha me abatido tanto; tantas outras vezes tive idéias 'originais' e logo descubro já terem pensado aquilo antes de mim. Pretobrás, Itamar! Pretobrás!...
Cada um teria sua coluna definida, além das contribuições gerais. Minha vontade era escrever sobre a natureza humana, sobre o comportamento desses eutueles. Eu queria que todos lessem minhas opiniões sobre essa coluna supostamente ereta, tão arrogante, mas curvada pelo comodismo e cansaço. Jamais seríamos Homo Erectus. A verdade era uma: influenciado por Dawkins, Hawking, Rand, Sagan e alguns existencialistas, eu queria falar sobre o que eu penso da Humanidade e suas características ridículas e instigantes.
O jornal nunca existiu e muitos dos meus textos foram perdidos no tempo. Apenas algumas lembranças de assuntos. Um deles eu recordei há poucos dias. Era MULHER É SEXY, HOMEM É SEXO. Assunto mais manjado que bunda de índio, mas sempre gostei de dar o Meu pitaco...
Acontece que depois de muito enrolar na moita, surgiu um jornal. Oficial, municipal, uma chance única, mas não era bem o que pretendíamos. Ficou lá um grande Amigo, hoje editor-chefe da publicação. Outra característica da Humanidade: o funilamento, muitos querem e poucos conseguem.
Ficam as saudades da época quando eu escrevia sem contar pra ninguém o que estava fazendo. A Coluna Vertebral será sempre a válvula de escape para minha indignação com a estupidez humana.