quarta-feira, 31 de maio de 2006

O DEMÔNIO DA PERVERSIDADE

"Sob sua influência agimos sem objetivo compreensível, ou, se isto for entendido como uma contradição nos termos, podemos modificar a tal ponto a proposição que digamos que sob sua influência nós agimos pelo motivo de não devermos agir.
...
Estamos à borda dum precipício. Perscrutamos o abismo e nos vem a náusea e a vertigem. Nosso primeiro impulso é fugir ao perigo. Inexplicavelmente, porém, ficamos. Pouco a pouco, a nossa náusea, a nossa vertigem, o nosso horror confundem-se numa nuvem de sensações indefiníveis. Gradativamente, e de maneira mais imperceptível, essa nuvem toma forma, como a fumaça da garrafa donde surgiu o gênio nas Mil e uma Noites. Mas fora dessa nossa nuvem à borda do precipício, uma forma se torna palpável, bem mais terrível que qualquer gênio ou qualquer demônio de fábulas. Contudo não é senão um pensamento, embora terrível, e um pensamento que nos gela até a medula dos ossos com a feroz volúpia do seu horror. É, simplesmente, a idéia do que seriam nossas sensações durante o mergulho precipitado duma queda de tal altura.
E esta queda, este aniquilamento vertiginoso, por isso mesmo que envolve essa mais espantosa e mais repugnante de todas as espantosas e repugnantes imagens de morte e de sofrimento que jamais se apresentaram à nossa imaginação, faz com que mais vivamente a desejemos. E porque nossa razão nos desvia violentamente da borda do precipício, por isso mesmo mais impetuosamente nos aproximamos dela. Não há na natureza paixão mais diabolicamente impaciente como a daquele que, tremendo à beira dum precipício, pensa dessa forma em nele se lançar. Deter-se, um instante que seja, em qualquer concessão a essa idéia é estar inevitavelmente perdido, pois a reflexão nos ordena que fujamos sem demora e, portanto, digo-o, é isto mesmo que não podemos fazer. Se não houver um braço amigo que nos detenha, ou se não conseguirmos, com súbito esforço recuar da beira do abismo, nele nos atiraremos e destruídos estaremos."
(Edgar Allan Poe)

terça-feira, 30 de maio de 2006

OUVIDOS

Para cada passo que você dá errado, dois outros passos, pelo menos, serão dados para retornar ao caminho certo!

Os criminosos em São Paulo tiraram vidas inocentes durante os ataques que aterrorizaram a cidade. A polícia, em resposta, vitimou ainda mais inocentes para mostrar quem é que manda!

sábado, 27 de maio de 2006

VERTIGO

HQ de onde tiraram a história de John Constantine, adaptada porcamente para filme...
Agora sei, o filme é uma bosta! Neo Reeves não é nem nunca será Constantine.

Procurem ler as histórias da série Vertigo!
Constantine é HELLBLAZER, um londrino, loiro, canastrão e sujo!
O filme errou muito tentando adaptar a HQ...

Conselhos...

Os velhos tempos ficam cada vez melhores à medida que envelhecemos!
Nunca lamente, filho. Arrependimento não vale merda nenhuma!

segunda-feira, 22 de maio de 2006

Essências...

Quem sou eu?
- A pergunta!
¬¬
Quem é você?
- A resposta!

quarta-feira, 10 de maio de 2006

Visão do futuro...

Seja confiável; mas desconfie de todos.

Ria de quem não confiar em você.

Quando todo mundo seguir esses preceitos teremos uma população toda de sorridentes de confiança!

sábado, 6 de maio de 2006

Pequenas Coisas (sonho)

Lembro-me de que estava na mesma Professor Galvoso, altura da Moraes Rego. Saindo de uma festa qualquer, ou fosse um evento cinema ou teatro também não faria diferença. Outra vez aquela Sampa-Guaíra, ridiculamente pequena, poluída e vertical.
Agora é tarde para saber como fui levado a conhecer aquela mulher, mas eu a havia convidado para ir comigo a um luau na casa um camarada, frente à minha. As horas se passavam e apenas o jardineiro trabalhava na copa da árvore na varanda e algumas crianças riam desafiantes e medrosas para nossa casa. Amaldiçoados. Monstros sem coração. Desumanos. Ele vai te tirar os órgãos para comer, vai te manter vivo o máximo que puder. Ouvi dizer que uma vez um cara continuou vivo até a hora de entrar na fornalha. Crianças! Abomino o que passa em suas cabeças. E toda sua criação nervosa primitiva perturbada reverbera quando crescemos. O pai não gosta que subam em suas árvores. Acha que é o gato da vizinha e atira. Cai o jardineiro. Nem remorso nos olhos de um, nem surpresa nos de outro.
E aquela mulher não vem. Decidido a ir ao seu encontro. Não sei onde mora; subo a rua e viro a primeira à esquerda. Ando poucas quadras até achá-la na portaria de um condomínio um tanto vistoso. Oi, lembra-se de mim? Claro, desculpa a demora, é que...
Virando a esquina em retorno, Daiane desce também a rua. A mesma garota que aprendi a odiar durante anos. Dirigiu-se à minha casa e retardei nossos passos, seguindo para o outro lado da rua. A mulher percebe a conduta de fuga. Não se interessa nos motivos. Talvez não se interesse por nada. Seja bela e cale a boca. A vida é pura repetição de erros! E os erros foram cometidos logo na infância; de resto, mudam apenas os atores e os cenários, a tragédia é a mesma.
Non-grata, aplaudiu meu portão, falou com a mãe, parecia destinada àquelas palavras; não podia ouvir, sentia. Entramos na casa do outro lado da rua. Continuei a cuidar os movimentos em minha casa. A mãe aponta este lado. Ele disse que estaria logo ali. Maldito momento quando parei de mentir. Abracei a mulher; deixei aperceber-se de que eu sabia que atravessa a rua; abracei e a mantive em meus braços quando Daiane me beijou o rosto. Preciso muito falar com você, tem tanta coisa que você precisa ouvir de mim... Estava deliciosamente bem vestida, dentro de uma elegância jamais vista e por mim jamais esperada em seu corpo.
Não há mais nada que possa me dizer. Mas... por favor, ouve!... Dei-lhe as costas. Surpreendi a mulher com um beijo. Não imagino o que a garota tivesse a me dizer, mas esperava que aquele beijo lhe servisse de resposta, ponto final em tudo aquilo. Novamente sem ver pude sentir uma lágrima em seu rosto. Pequenas coisas me fazem tão feliz!

terça-feira, 2 de maio de 2006

FALA RÁPIDO, FALA RÁPIDO!

"A série Contos da Meia-noite exibe Dois corpos que caem, de João Silvério Trevisan. A narrativa deste conto acontece durante o encontro de dois suicidas, no centro de São Paulo, no topo do Edifício Itália. Os homens conversam durante a queda livre e falam sobre o amor, o mistério da vida, Deus, a fé, a razão, a metafísica, o acaso. A interpretação é de Antônio Abujamra. "
[Só lendo o conto pra entender! ser paulistano ajuda um tanto!]