Lembro-me de que estava na mesma Professor Galvoso, altura da Moraes Rego. Saindo de uma festa qualquer, ou fosse um evento cinema ou teatro também não faria diferença. Outra vez aquela Sampa-Guaíra, ridiculamente pequena, poluída e vertical.
Agora é tarde para saber como fui levado a conhecer aquela mulher, mas eu a havia convidado para ir comigo a um luau na casa um camarada, frente à minha. As horas se passavam e apenas o jardineiro trabalhava na copa da árvore na varanda e algumas crianças riam desafiantes e medrosas para nossa casa. Amaldiçoados. Monstros sem coração. Desumanos. Ele vai te tirar os órgãos para comer, vai te manter vivo o máximo que puder. Ouvi dizer que uma vez um cara continuou vivo até a hora de entrar na fornalha. Crianças! Abomino o que passa em suas cabeças. E toda sua criação nervosa primitiva perturbada reverbera quando crescemos. O pai não gosta que subam em suas árvores. Acha que é o gato da vizinha e atira. Cai o jardineiro. Nem remorso nos olhos de um, nem surpresa nos de outro.
E aquela mulher não vem. Decidido a ir ao seu encontro. Não sei onde mora; subo a rua e viro a primeira à esquerda. Ando poucas quadras até achá-la na portaria de um condomínio um tanto vistoso. Oi, lembra-se de mim? Claro, desculpa a demora, é que...
Virando a esquina em retorno, Daiane desce também a rua. A mesma garota que aprendi a odiar durante anos. Dirigiu-se à minha casa e retardei nossos passos, seguindo para o outro lado da rua. A mulher percebe a conduta de fuga. Não se interessa nos motivos. Talvez não se interesse por nada. Seja bela e cale a boca. A vida é pura repetição de erros! E os erros foram cometidos logo na infância; de resto, mudam apenas os atores e os cenários, a tragédia é a mesma.
Non-grata, aplaudiu meu portão, falou com a mãe, parecia destinada àquelas palavras; não podia ouvir, sentia. Entramos na casa do outro lado da rua. Continuei a cuidar os movimentos em minha casa. A mãe aponta este lado. Ele disse que estaria logo ali. Maldito momento quando parei de mentir. Abracei a mulher; deixei aperceber-se de que eu sabia que atravessa a rua; abracei e a mantive em meus braços quando Daiane me beijou o rosto. Preciso muito falar com você, tem tanta coisa que você precisa ouvir de mim... Estava deliciosamente bem vestida, dentro de uma elegância jamais vista e por mim jamais esperada em seu corpo.
Não há mais nada que possa me dizer. Mas... por favor, ouve!... Dei-lhe as costas. Surpreendi a mulher com um beijo. Não imagino o que a garota tivesse a me dizer, mas esperava que aquele beijo lhe servisse de resposta, ponto final em tudo aquilo. Novamente sem ver pude sentir uma lágrima em seu rosto. Pequenas coisas me fazem tão feliz!
Agora é tarde para saber como fui levado a conhecer aquela mulher, mas eu a havia convidado para ir comigo a um luau na casa um camarada, frente à minha. As horas se passavam e apenas o jardineiro trabalhava na copa da árvore na varanda e algumas crianças riam desafiantes e medrosas para nossa casa. Amaldiçoados. Monstros sem coração. Desumanos. Ele vai te tirar os órgãos para comer, vai te manter vivo o máximo que puder. Ouvi dizer que uma vez um cara continuou vivo até a hora de entrar na fornalha. Crianças! Abomino o que passa em suas cabeças. E toda sua criação nervosa primitiva perturbada reverbera quando crescemos. O pai não gosta que subam em suas árvores. Acha que é o gato da vizinha e atira. Cai o jardineiro. Nem remorso nos olhos de um, nem surpresa nos de outro.
E aquela mulher não vem. Decidido a ir ao seu encontro. Não sei onde mora; subo a rua e viro a primeira à esquerda. Ando poucas quadras até achá-la na portaria de um condomínio um tanto vistoso. Oi, lembra-se de mim? Claro, desculpa a demora, é que...
Virando a esquina em retorno, Daiane desce também a rua. A mesma garota que aprendi a odiar durante anos. Dirigiu-se à minha casa e retardei nossos passos, seguindo para o outro lado da rua. A mulher percebe a conduta de fuga. Não se interessa nos motivos. Talvez não se interesse por nada. Seja bela e cale a boca. A vida é pura repetição de erros! E os erros foram cometidos logo na infância; de resto, mudam apenas os atores e os cenários, a tragédia é a mesma.
Non-grata, aplaudiu meu portão, falou com a mãe, parecia destinada àquelas palavras; não podia ouvir, sentia. Entramos na casa do outro lado da rua. Continuei a cuidar os movimentos em minha casa. A mãe aponta este lado. Ele disse que estaria logo ali. Maldito momento quando parei de mentir. Abracei a mulher; deixei aperceber-se de que eu sabia que atravessa a rua; abracei e a mantive em meus braços quando Daiane me beijou o rosto. Preciso muito falar com você, tem tanta coisa que você precisa ouvir de mim... Estava deliciosamente bem vestida, dentro de uma elegância jamais vista e por mim jamais esperada em seu corpo.
Não há mais nada que possa me dizer. Mas... por favor, ouve!... Dei-lhe as costas. Surpreendi a mulher com um beijo. Não imagino o que a garota tivesse a me dizer, mas esperava que aquele beijo lhe servisse de resposta, ponto final em tudo aquilo. Novamente sem ver pude sentir uma lágrima em seu rosto. Pequenas coisas me fazem tão feliz!