quarta-feira, 25 de abril de 2007
Você não soube me amar (Blitz)
Você não soube me amar. Você não soube me amar.
Você não soube me amar. Você não soube me amar
No começo tudo era lindo. Tudo divino era maravilhoso. Até debaixo d'água nosso amor era mais gostoso, mas de repente a gente enlouqueceu. Eu dizia que era ela. Ela dizia que era eu.
Você não soube me amar. Você não soube me amar.
Você não soube me amar. Você não soube me amar.
Amor que que'cê tem? Cê ta tão nervoso. Nada nada nada nada nada nada
Foi besteira usar essa tática, dessa maneira assim dramática (Eu tava nervoso). O nosso amor era uma orquestra sinfônica (Eu sei), e o nosso beijo uma bomba atômica.
Você não soube me amar. Você não soube me amar.
Você não soube me amar
É foi isso que ela me disse.
Oh! baby não!
sexta-feira, 20 de abril de 2007
Brasa (Gabriel, o pensador)
Um poeta já falou, vendo o homem e seu caminho: "o lar do passarinho é o ar, e não o ninho". E eu voei... Eu passei um tempo fora, eu passei um tempo longe. Não importa quanto tempo, não importa onde. Num lugar mais frio, ou mais quente de repente, onde a gente é esquisita, um lugar diferente. Outra língua, outra cultura, outra moeda. É, a vida é dura mas eu sou duro na queda. Se me derrubar... eu me levanto, e fui aos trancos e barrancos, trampo atrás de trampo, trabalhando pra pagar a pensão e superar a tensão do pesadelo da imigração. Clandestino, imigrante, maltrapilho. Mais um subdesenvolvido que escolheu o exílio, procurando a sua chance de fazer algum dinheiro, no primeiro mundo com saudade do terceiro. Família, amigos, meus velhos, meu mano - o meu pequeno mundo em segundo plano. Eu forcei alguns sorrisos e algumas amizades. Passei um tempo mal, morrendo de saudade. Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade... Da beleza poluída, da favela iluminada, do tempero da comida, do som da batucada. Da cultura, da mistura, da estrutura precária. Da farofa, do pãozinho e da loucura diária. Do churrasco de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali dormindo, o coroa aposentado. Eu tô morrendo de saudade, morrendo de saudade... Da mulata oferecida, do pagode malfeito, de torcer na arquibancada pro meu time do peito. A pelada sagrada com a rapaziada, o sorriso desdentado na rodinha de piada. Da malandragem, da nossa malícia, da batida de limão, da gelada - que delícia! Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade... Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas dos programas da TV. Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral. Do calor humano, do fundo de quintal. Do clima, da rima, da festa feita à toa - típica mania de levar tudo na boa - do contato, do mato, do cheiro e da cor. E do nosso jeito de fazer amor.
Agora eu sou poeta, vendo o homem a caminhar: o lar do passarinho é o ninho, e não o ar. E eu voltei. E eu passei um tempo bem, depois do meu retorno. Eu e minha gente, coração mais quente, refeição no forno. Água no feijão, tô na área, bichinho. Se me derrubar... eu não tô mais sozinho. Tô de volta sim senhor. Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor. Mas o amor é cego. Devo admitir, devo e não nego, que aos poucos fui caindo na real, vendo como o Brasa tava em brasa, tava mal. Vendo a minha terra assim em guerra, o meu país... não dá, não dá pra ser feliz. E bate uma revolta, e bate uma deprê. E bate a frustração, e bate o coração pra não morrer. Mas bate assim cabreiro. Bate no escuro, sem esperança no futuro, bate o desespero. Bate inseguro, no terceiro mundo, se for, com saudade do primeiro. Os velhos, os filhos, os manos - ninguém aqui em casa tem direito a fazer planos. Eu forcei alguns sorrisos e lágrimas risonhas. Passei um tempo mal, morrendo de vergonha. Eu tô morrendo de vergonha, morrendo de vergonha... Da beleza poluída, da favela iluminada, da falta de comida pra quem não tem nada. Da postura, da usura, da tortura diária. Da cela especial, da estrutura carcerária. A chacina de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali pedindo, o coroa acorrentado. Eu tô morrendo de vergonha, morrendo de vergonha... Da mulata oferecida, do pagode malfeito. Morrer na arquibancada pro meu time do peito. O salário suado que não serve pra nada, o sorriso desdentado na rodinha de piada. Da malandragem, da nossa milícia, da batida da PM, porrada da polícia. Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha... Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas de programa dos programas da TV. Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral, do sorriso mentiroso na campanha eleitoral. Do clima de festa, da festa feita à toa - ridícula mania de levar tudo na boa - do contato, do mato, do cheiro da carniça. E do nosso, jeito de fazer justiça.
Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa, casa do meu coração. Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa e a minha casa só precisa de uma boa arrumação. Muita água e sabão. Ensaboa, meu irmão. Não se suja, não. Indignação. Manifestação. Mais informação. Conscientização. Comunicação. Com toda razão. Participação. No voto e na pressão. Reivindicação. Reformulação. Água e sabão na nossa nação. Água e sabão, tá na nossa mão. Tô morrendo de paixão, tô morrendo de paixão...
216 horas de isolamento
segunda-feira, 16 de abril de 2007
quinta-feira, 5 de abril de 2007
A NOVA CAVERNA PLATÔNICA
com peculiar naturalidade, quase à vontade,
e concluiu que aquela realidade
era cruel com ela, a humanidade.
Ele aprendeu a ver a pura maldade
e viu que aquilo já tinha idade.
Há tanto tempo, desigualdade.
Como é possível tanta vaidade?
Dinheiro, carro, mulher bonita.
Se perguntava: será isso vida?
Quem tem, passeia; quem não, mendiga
– na contramão de toda avenida.
Desesperados fazendo fila
por uma esmola
por uma escolha
por uma folha
por uma alma...
E a Justiça perdendo a calma.
Cresce a revolta. Chega o momento.
Vai sem escolta. Seu pensamento
era um só: Eu viro vida ou viro pó.
Declara guerra contra a maré!
Punhos cerrados, a voz, a fé.
Agora um líder surgiu nas ruas.
As putas riem nas noites nuas.
Corre o boato - dias contados!
Só um coitado, nem vai armado.
A qualquer hora um carro à toda,
a ironia se fazendo boba.
Era a censura calando a boca.
A voz que fala agora é louca.
A dentadura dando risada.
Ninguém sabia da sua morte.
Mais um fulano que não deu sorte.
Cada ferida cada corte,
e o seu sangue não fez efeito, nada mudou.
Raiva em seu peito.
Jamais se soube sua verdade.
Lutar não era dignidade.
quarta-feira, 4 de abril de 2007
Porco vs Leão
Coluna Vertebral
Houve a época quando eu escrevia compulsivamente. Contos e crônicas, literatura ou quase isso, meu limite era curto e não me permitia passar de poucas páginas. Talvez nunca conseguisse dissertar longamente sobre apenas um assunto. Na metade do primeiro já várias outras vontades me assaltavam. Era preciso terminar logo e começar as outras.
A Coluna Vertebral, como mais tarde fiquei sabendo, já existia. Se publicasse seria um plágio inconsciente. Consolei-me duma forma ou de outra. Ninguém soube ao certo como, ou talvez não tenha me abatido tanto; tantas outras vezes tive idéias 'originais' e logo descubro já terem pensado aquilo antes de mim. Pretobrás, Itamar! Pretobrás!...
Cada um teria sua coluna definida, além das contribuições gerais. Minha vontade era escrever sobre a natureza humana, sobre o comportamento desses eutueles. Eu queria que todos lessem minhas opiniões sobre essa coluna supostamente ereta, tão arrogante, mas curvada pelo comodismo e cansaço. Jamais seríamos Homo Erectus. A verdade era uma: influenciado por Dawkins, Hawking, Rand, Sagan e alguns existencialistas, eu queria falar sobre o que eu penso da Humanidade e suas características ridículas e instigantes.
O jornal nunca existiu e muitos dos meus textos foram perdidos no tempo. Apenas algumas lembranças de assuntos. Um deles eu recordei há poucos dias. Era MULHER É SEXY, HOMEM É SEXO. Assunto mais manjado que bunda de índio, mas sempre gostei de dar o Meu pitaco...