E o notívago – criatura na qual se pode confiar até dez por cento – pela madrugada, errante de ruas frias e abandonadas, encontrara o rio da vida há poucos instantes... Sob a pele ainda arde o fogo, correndo violentamente em seu corpo vazio. O céu, sutilmente, tornava-se mais claro. Neblina, sombras... Caminhos mal iluminados cujas lembranças de remota Vida vivem na breve memória dos bêbados, perdidos em espalhados botecos...
Um sobrado, lápide erguida sobre meu túmulo. Residencial Pax Domini. Ficava na Barra Funda, um sobrado grande, quase sem móveis, cheirando a viuvez. Feito em pensionato. Em meu quarto os livros de auto-ajuda ocupavam um bom espaço na estante... Distante lamento ressoa nas estreitas escadas que levam até o terceiro andar. Um sorriso destrói a máscara. O sorriso não é alegre. Triste espetáculo o de uma criança que chora. Magra, depressiva, cansada, perdida. Sua mãe caída no alto da escada. É pura poesia; pensava... fumando escondida. Eis o resultado de ler confissões. A ruiva, pele pálida, olhar pálido, entre pontas de cigarro e fumaça, fala baixinho enquanto passo por ela; isto não é vida... E está vivendo...
Quando ela desapareceu, senti uma espécie de solidão.
O pranto é livre. Mas não se constrói nenhuma felicidade sobre lágrimas, mesmo que um tanto falsas...
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Um sobrado, lápide erguida sobre meu túmulo. Residencial Pax Domini. Ficava na Barra Funda, um sobrado grande, quase sem móveis, cheirando a viuvez. Feito em pensionato. Em meu quarto os livros de auto-ajuda ocupavam um bom espaço na estante... Distante lamento ressoa nas estreitas escadas que levam até o terceiro andar. Um sorriso destrói a máscara. O sorriso não é alegre. Triste espetáculo o de uma criança que chora. Magra, depressiva, cansada, perdida. Sua mãe caída no alto da escada. É pura poesia; pensava... fumando escondida. Eis o resultado de ler confissões. A ruiva, pele pálida, olhar pálido, entre pontas de cigarro e fumaça, fala baixinho enquanto passo por ela; isto não é vida... E está vivendo...
Quando ela desapareceu, senti uma espécie de solidão.
O pranto é livre. Mas não se constrói nenhuma felicidade sobre lágrimas, mesmo que um tanto falsas...
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Era como um conto de fadas. Sem fadas. Ah, e os gregos...! A história de Tântalo... A minha história... beber tanto a literatura, embriagar-me com ela em solitários sábados, e não conseguir mitigar a minha sede... Entontecer-me com o vinho das minhas uvas. Meu secreto desespero, minha aflição de todos os minutos. Quando serei liberto dos teus grilhões? Um suspiro que andava preso se soltou. Por que suspiro?
O peso infame dos pensamentos futuros... Estreitas limitações do meu conhecimento, as largas, insanáveis falhas da minha educação tão autodidata, os inalcançáveis horizontes, as improváveis possibilidades de alcançá-los...
O peso infame dos pensamentos futuros... Estreitas limitações do meu conhecimento, as largas, insanáveis falhas da minha educação tão autodidata, os inalcançáveis horizontes, as improváveis possibilidades de alcançá-los...
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Um rascunho que jamais virou literatura.
Um rascunho que jamais virou literatura.