Com o novo ano, estou começando também um novo diário.
No entanto, os fatos diários talvez não importem tanto. A memória deve dar cabo destes, lembrarei o que for importante; a verdade é que não quero escrever meu cotidiano.
O que de fato será focado neste meu novo diário é a influência da vida em meu rosto. Farei o possível para, sempre ao meio-dia, tirar uma foto de meu rosto. Tudo que acontecer comigo estará impresso nele e aos poucos poderei verificar as mudanças que o próprio tempo deixará em mim.
Também com isso quero iniciar um novo projeto particular.
A Máscara.
Há alguns dias surgiu-me essa imagem. A vida como um baile de máscaras. Essas que usamos constantemente e que jamais podemos tirar. Construída sobre a carne todos os dias, como um mosaico macabro. Uma máscara formada por pedaços das máscaras dos outros e pedaços escolhidos por nós mesmos.
Vou escrever, não a vida de meu corpo, monótona e mal vivida, mas a vida em meu cérebro, a vida criativa e agitada, porém latente, em um sono prolongado mais que o necessário.
Cometemos muitos erros a todo instante. Nos últimos tempos, tenho cometido alguns erros particularmente nocivos às relações mais íntimas e estimadas que nutri. É hora de terminar a pintura dessa tela e a analisar com extremo cuidado. É hora de pintar uma nova tela, talvez com os mesmos personagens, talvez não, mas uma que seja mais tranquila e feliz...